INSTITUTO CONSCIENTIZAR Informa:

24/01/2016

Mais uma travesti é brutalmente assassinada em Rio Verde (GO); cidade continua no topo do ranking de crimes homofóbicos no interior goiano

A travesti Bruna Souza, 23 anos, mais uma vítima fatal da violência em Rio Verde (GO).
Uma travesti, conhecida por fazer programas sexuais na avenida Pauzanes de Carvalho, em Rio Verde, na região sudoeste de Goiás, foi brutalmente assassinada por um grupo de homens ainda não dentificados. O crime ocorreu no final da noite do sábado, 23/01, próximo a um motel no bairro onde a travesti frequentemente estava.

De acordo com a ocorrência registrada pela polícia, o jovem Adenilson Cardoso de Menezes, conhecido no meio LGBT como a travesti Bruna Souza, 23 anos, estava em seu ponto de programas sexuais quando foi abordada por vários indivíduos que a levaram para um local escuro e a atacaram com vários golpes de faca. Após o crime, os assassinos da travesti fugiram sem ser identificados.



Pouco tempo depois, Bruna Souza foi encontrada agonizando por outras travestis colegas do ponto de prostituição no setor Pauzanes de Carvalho. O Corpo de Bombeiros foi acionado e prestou socorro à vítima que foi encaminhada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Bruna não resistiu a gravidade dos ferimentos e veio a óbito.

Amigos da travesti Bruna Souza estavam transtornados e revoltados com o crime. A travesti Isadora disse que sua colega, Bruna, não possuía inimigos e não estaria envolvida em algum tipo de problema ou atividade ilegal. Na opinião de Isadora, o crime é uma retaliação às travestis que mantém pontos de programas sexuais no setor Pauzanes de Carvalho. Isadora contou que, dias atrás, dois adolescentes foram agredidos por pelo menos cinco homossexuais dentro do banheiro de um posto de combustíveis. O vídeo do flagrante da agressão circula nas redes sociais da internet.

Em Rio Verde, cidade onde mais se mata travestis no interior goiano, travestis dizem que constantemente estão sendo ameaçadas de morte, além de serem vítimas de roubos quase que diariamente. Elas pedem providências à Polícia Militar (PM). O aspirante-PM Danilo disse à um site de notícias policiais que viaturas vão intensificar o patrulhamento na região, com o intuito de diminuir os casos de agressões e, até mesmo, coibir outros crimes de homicídios.

O assassinato da travesti Bruna Souza está sendo investigado pelo Grupo de Investigação de Homicídios (GIH), da 8ª Delegacia Regional de Polícia Civil.

UMA SÉRIE DE CRIMES - É inegável que Rio Verde (GO) vivencia uma onda absurda e abominável de intolerância contra LGBT (lésbicas, gays, travestis e transexuais), principalmente travestis e transexuais. Outros casos de agressões e, até mesmo mortes, foram registrados pela polícia rio-verdense nos últimos meses. Uma travesti conhecida como Débora foi atingida por dois tiros ao se desentender com um cliente na porta de um motel localizado na região sul da cidade. Um dos tiros ficou alojado e a vítima teve que passar por intervenção cirúrgica.

Outra travesti, que usava a alcunha de Estrela, muito conhecida em Rio Verde (GO), por várias vezes foi agredida por clientes. De tanto se envolver em agressões, preferiu sair da cidade. Acrescenta-se a estes casos o bárbaro assassinato de uma travesti registrado no início de 2016, mas que teria ocorrido em meados do final da primeira quinzena de dezembro passado. O corpo de Denilton Pereira de Almeida, conhecido como a travesti Mel, foi encontrado já em avançado estado de decomposição dentro de uma vala às margens da BR-060, no perímetro Urbano de Rio Verde. A Perícia constatou um corte em sua garganta. Os familiares, moradores em Palmas, Tocantins, reconheceram o corpo. Na época, a vítima trajava saia e blusa com estampa que imitiva pele de onça, figurino que foi fundamental na rápida identificação da vítima.

Recentemente, uma espécie de pensionato/república onde moram aproximadamente 13 travestis foi invadido por um grupo de assaltantes, que após agredirem as vítimas, tentaram roubar vários objetos, dentro eles, um televisor. A Polícia Militar foi acionada e conseguiu frustrar o roubo. Um dos assaltantes foi preso. Segundo os moradores do local, os criminosos tinham informações privilegiadas, pois, certamente eram clientes sexuais de algumas das travestis.

Em 2015, uma travesti danificou um carro e agrediu fisicamente um homem, o qual foi acusado de não pagar um programa sexual. Toda a discussão e as agressões foram filmadas por pessoas que testemunharam a briga que ocorreu nas dependências de um posto de combustíveis localizado no Setor Pauzanes de Carvalho. O vídeo foi amplamente divulgado pelas redes sociais da internet.


E em 18 de janeiro deste ano, também em Rio Verde (GO), um grupo de travestis agrediu violentamente um casal de adolescentes. As travestis alegaram que constantemente são vítimas de roubo no local onde fazem ponto para programas sexuais, fato este que teria ocorrido mais uma vez e motivado a agressão aos adolescentes. O caso também foi registrado pelor câmeras e rapidamente se espalhou pelo aplicativo social WhatsApp.

ONG "Instituto Conscientizar" divulga nota em repúdio à onda de crimes contra travestis em Rio Verde (GO)

O fundador e presidente da organização não-governamental (ONG), Instituto Conscientizar, jornalista Terry Marcos Dourado - instituição que, em março de 2010, nasceu tornando-se oficialmente a primeira e única organização LGBT de Rio Verde (GO) - divulgou na tarde do deste domingo, 24/01, uma nota oficial de repúdio contra a onda de agressões e assassinatos vitimando travestis em Rio Verde, mantendo a cidade como a campeã de crimes de ódio e intolerância contra pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), principalmente as travestis. A seguir, você lê a íntegra da nota oficial do Instituto Conscientizar.

O Instituto Conscientizar, oficialmente a primeira organização não-governamental (ONG) pró-cidadania e direitos humanos para pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) de Rio Verde (GO), fundada em 13 de março de 2010; vem publicamente manifestar o nosso repúdio e nosso protesto diante da crescente onda de violência, principalmente mortal, que tem vitimado, mormente, travestis e transexuais na cidade de Rio Verde (GO), mantendo esta cidade no topo do ranking da morte e da violência contra LGBT no interior goiano, e entre as mais violentas para LGBT em toda a região Centro-Oeste do Brasil, nos últimos 05 (cinco) anos.

Tal constatação, comprovada por registros oficiais de crimes pelas instituições policiais rio-verdenses, fomenta e amplia nossa preocupação sobre as consequências nefastas da ausência de políticas públicas protetoras da cidadania e dos direitos civis e humanos para lésbicas, gays, travestis e transexuais na cidade de Rio Verde (GO).

É imprescindível que cidadãs e cidadãos LGBT de Rio Verde (GO), que pagam impostos e colaboram com o progresso e o desenvolvimento da cidade, não continuem mais ignorados pelo Poder Público, em todas as suas esferas de atuação, e tenham deste poder constituído toda a atenção, toda a dedicação, todo o respeito e consideração em caráter emergencial, para que pessoas LGBT não sejam mais forçadamente jogados à margem da sociedade.

É preciso que todas as autoridades competentes, todas juntas, tomem medidas emergenciais para conter, frear e, se possível, acabar com esta onda macabra, absurda, revoltante e inadmissível de crimes absurdamente violentos, mortais ou não, contra cidadãs e cidadãos que são vitimados por não terem aceitas ou, pelo menos respeitadas, suas orientações sexuais e/ou identidades de gênero, mesmo que a Carta Magna Brasileira, nossa Constituição Federal de 1988, garanta que "todos são iguais perante à Lei".

Assim sendo, a nossa organização, o Instituto Conscientizar, que trabalha pela erradicação de preconceitos, mormente a "homo-lesbo-bi-transfobia"; também luta pela conscientização popular para o respeito e a tolerância à diversidade humana; também luta por mais dignidade, cidadania e inclusão social de LGBT; vem publicamente cobrar, formal e oficialmente, de todas as autoridades constituídas e competentes nas pautas sociais com as quais lidamos; para que não só estes casos absurdos de violência extrema contra travestis sejam elucidados e seus autores punidos com o máximo dos rigores da lei; mas que também adotem, emergencialmente, políticas públicas eficientes em defesa e em proteção a este segmento social que, não pode mais ser ignorado ou destratado como se não fizesse parte da sociedade.

Queremos continuar acreditando na lisura, na ética, no bom senso e, principalmente na sensibilidade social dos Poderes Públicos legal e formalmente constituídos de Rio Verde (GO), de que não mais continuarão comungando ou permitindo que estas "carnificinas" motivadas pelo preconceito e pela intolerância de certos grupos sociais, continuem acontecendo. E nos colocamos à disposição para o que for necessário e possível.

Ás vítimas, nossa solidariedade, nosso respeito, nosso luto.

TERRY MARCOS DOURADO
Fundador e presidente do Instituto Conscientizar
Rio Verde, Goiás, Brasil

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